João Maurício Wanderley, primeiro e único barão de Cotegipe nasceu em Vila da Barra de São Francisco – Bahia, no dia 23 de outubro de 1815. Descendente de neerlandeses, era filho de João Maurício Wanderley e de Francisca Antônia do Livramento. Casou com Antônia Teresa de Sá Pita e Argolo, filha sucessora dos condes de Passé.

As origens de sua família remontam ao período da Invasão Holandesa, no nordeste. Sua família (paterna) descende de Gaspar van der Ley, coronel holandês, amigo devotado do Conde Maurício de Nassau, que após a derrota e expulsão dos holandeses, preferiu permanecer no Brasil, em Pernambuco. Seus descendentes se espalharam para várias parte do Brasil (Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul). O primeiro filho de Gaspar van der Ley e de Dona Maria Melo, nascido no Brasil, foi João Maurício Wanderley, nascido em 1641.

Brasil Holandês

Segundo Wanderley Pinho:
“Gaspar van der Ley ou Wanderley, como vieram depois a corromper-se os seus apelidos, capitão de cavalaria, de nobre prosápia, conforme atestou Maurício de Nassau, citado por Borges da Fonseca, na “Nobiliarquia Pernambucana,” foi um dos que, por ocasião do cerco do Pontal de Nossa Senhora de Nazaré, se declararam pelo partido brasileiro. Casado com Da. Maria Melo, filha de Manuel Games de Melo, senhor do engenho “Trapiche do Cabo”, da melhor linhagem pernamubacana, neta de Arnau de Holanda e de Cristovão Lins, povoadores quinhentistas daquela capitania, foi fundador da família Wanderley, de grande e ilustre progenie no norte do Brasil” [1]

Walter Wanderley destaca em seu livro, uma citação de Gilberto Freyre, publicada no O Jornal do Rio de Janeiro, sob o titulo “A propósito dos Wanderley”:
“Os Wanderley, família a que pertenço, são, em sua origem holandesa, Van der Ley. Trata-se de gente nórdica, Ariana. Existem, ainda hoje, van der Ley na Holanda; e na Alemanha Lei ou Von Ley: a mesma gente. Sabe-se que no Brasil o fundador da família foi Gaspar van der Ley, no século XVIII. Era êle capitão da cavalaria entre os holandeses estabelecidos no Brasil, no tempo do Conde Maurício de Nassau. Foi figura eminente entre os principais auxiliares do Conde de Nassau que, aliás, era alemão e não holandês. E cujo governo foi, talvez, a mais notável obra de administração que realizou em qualquer das Américas um europeu durante a época colonial. Inclusive neste aspecto: como prefeito do Recife.(…)”

SUA TRAJETÓRIA

João Maurício Wanderley, cursou na Bahia, o primário e o preparatório, e em 1832 em Pernambuco, matriculou-se na Faculdade de Direito de Olinda (PE), formando-se aos 22 anos de idade em Ciências Jurídicas e Sociais, a 6 de outubro de 1837. Ingressando na Política, em 1839.Foi deputado provincial (1843), deputado geral, presidente da província da Bahia (nomeado por Carta Imperial em 21 de agosto de 1852, presidiu a província de 20 de setembro de 1852 a 1 de maio de 1855), senador do Império do Brasil de 1856 a 1889. A partir de 1865 passou a integrar o ministério, tendo ocupado as pastas da Fazenda (1865), da Marinha (1865 e 1868), dos Estrangeiros (1869, 1875 e 1885) e da Justiça (1887). Quando Chefe de Polícia de Salvador desbaratou, em Pernambuco, a Revolução Praieira. A Praieira foi a maior insurreição ocorrida no Segundo Reinado, e que teve início em 1848, na província de Pernambuco, e representou a última manifestação popular contra a monarquia e os poderosos proprietários rurais locais, os senhores de engenho. [3] João Maurício Wanderley enviou para Pernambuco quase toda a força baiana, impedindo que a revolução chegasse à Bahia.

Revolução Praieira (Pernambuco)

Como Presidente da Província da Bahia foi dinâmico e progressista, com várias providências que tomou na agricultura, na indústria, no comércio e na instrução pública. Combateu energicamente o tráfico escravo. Fundou, juntamente com Demétrio Tourinho, o Diário da Bahia.

Como Administrador-Geral da Santa Casa de Misericórdia, fundou, na Corte, o Instituto Pasteur e o Hospital N. S. das Dores, em Cascadura, para tratamento de tuberculosos. Pertencia ao Partido Conservador.

Participou de diversos gabinetes do império, quando o Brasil era agitado pelas idéias abolicionistas e republicanas. Como presidente do Conselho de Ministros (1885-1888), ajudou a aprovar a Lei dos Sexagenários (1885), proposta na gestão de José Antônio Saraiva, seu antecessor. A lei que tornava livres os escravos sexagenários, também conhecida como Saraiva-Cotejipe, foi tão importante quanto a do visconde do Rio BrancoLei do Ventre Livre (1871), e enquadrava-se no projeto de extinção gradual da escravatura. Manteve-se à frente do Conselho durante quase três anos, durante os quais o país foi agitado pelas idéias abolicionistas e republicanas, bem assim pela chamada “questão militar”. O seu afastamento deu vitória aos defensores da extinção imediata do escravismo, por meio da Lei Áurea.Contribuiu para a sensível melhoria das finanças, deu impulso à agricultura e favoreceu a grande imigração. Como proprietário rural era adepto dos métodos agrícolas os mais modernos na época, em vez da escravidão preferia o trabalho livre.

Na política externa, negociou com o Paraguai (1872), o Tratado de Assunção, com o qual se encerrou diplomaticamente a guerra da Tríplice Aliança, e esforçou-se por solucionar a questão litigiosa do território de Palmas, pretendido pela Argentina.Faleceu no Rio de Janeiro. Faleceu repentinamente, em novembro no dia 13 de fevereiro de 1889, quando ocupava o cargo de Presidente do Bando do Brasil. Morreu na Rua Senador Vergueiro, Rio de Janeiro.

OBRAS E TÍTULOS

Publicou Trabalho sobre a Revolução da Bahia de 1837, Rio de Janeiro, 1837; Melhoramento do Fabrico de Açúcar, Bahia, 1867; Informações sobre o Estado da Lavoura, Rio de Janeiro, 1874; Apontamentos sobre os Limites do Brasil e a República da Argentina, Rio de Janeiro, 1882; proferiu vários discursos sobre temas importantes como: emissão de papel-moeda; mesas de rendas alfandegadas; fuga de escravos em Campinas; questão militar etc. Recebeu o título de Barão de Cotegipe (1860) e foi condecorado como Dignitário da Ordem do Cruzeiro; Comendador da Ordem da Rosa; da Ordem Portuguesa da Conceição da Vila (Viçosa); foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Belga de Leopoldo, a Ordem Espanhola de Isabel, a Católica, e a Ordem Italiana da Coroa.

Fontes consultadas

CANCIAN, Renato. Democratas pernambucanos pedem o fim da monarquia. Disponível em http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1689u42.jhtm, acesso em 17/07/2009.

WANDERLEY, Walter. Família Wanderley: História e Genealogia. Rio de Janeiro, Editora Pongetti, 1966. Disponível em http://www.irwanderley.eng.br/GasparLiteratura/FamiliaWanderleyWalter.htm, acesso em 15/07/09.

http://www.senado.gov.br/sf/senadores/senadores_biografia.asp?codparl=1819&li=9&lcab=1853-1856&lf=9

http://www.irwanderley.eng.br/Nobiliarquia/BaraoCotegipe/Cotegipe.htm

http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/JoaoMaur.html

http://www.cristina.mg.gov.br/2009/pag_impressao.php?id=34

http://www.sfreinobreza.com/NobC4.htm

http://www.senado.gov.br/sf/senadores/presidentes/p_imp_Joao_Mauricio_Wanderley.asp

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